sexta-feira, 27 de junho de 2008

Estudo avaliativo da disciplina Educação para Sexualidade em escolas municipais de Jequié-BA

Este trabalho constituiu-se em uma pesquisa qualitativa que teve como objetivo analisar a abordagem (visão de sexualidade, seleção de conteúdos, estratégias metodológicas e facilidades/dificuldades em ministrar a disciplina) dada ao tema “Sexualidade” pelos educadores e a contribuição da disciplina Educação para a Sexualidade para a vida dos educandos das escolas públicas municipais da cidade de Jequié – BA. Foram utilizados dois instrumentos de coletas de dados: o questionário com questões fechadas e abertas que foi aplicado aos educandos e a entrevista semi-estruturada aplicada às educadoras. A seleção das escolas se deu pela localização geográfica, ser de grande porte e oferecer a disciplina Educação para a Sexualidade na 8ª série do Ensino Fundamental II. Foram selecionadas quatro escolas e, no total, participaram da pesquisa cento e cinqüenta educandos e oito educadoras. Os resultados demonstraram q
ue 98% dos educandos participantes aprovaram a disciplina “Educação para a Sexualidade” e, ao mesmo tempo, cerca de 82% a avaliaram como muito boa ou boa, já que, dentre outras coisas, possibilitou aprender sobre prevenção às IST/Aids e a gravidez precoce e como viver sua sexualidade de maneira mais saudável e plena. A escolha dos conteúdos trabalhados na disciplina, em alguns casos, ocorre com a participação dos alunos (38,7%), em outros, apenas os professores decidem os temas a serem trabalhados (32%). Quanto à participação dos educandos nas aulas, 61,3% responderam que participam ativamente, já 30,7% participam pouco. As estratégias metodológicas que os professores utilizam para abordar temas ligados à sexualidade são, predominantemente, dinâmicas de grupo, estudos dirigidos, exposição participada, seminários e as aulas expositivas, evidenciando que os professores priorizam modalidades didáticas que visam ampliar a participação dos alunos. Entre os temas que os discentes mais gostaram de estudar, destacaram-se IST/Aids (38%); gravidez na adolescência (14,7%) e drogas (7,3%), por outro lado, sobre os temas que menos gostaram, 62,7% declararam que não houve nenhum tema que não gostaram, 12% mencionaram o tema Doenças Sexualmente Transmissíveis e 7,3% citaram drogas, demonstrando que alguns dos temas mais interessantes também foram os menos prazerosos. Quanto às professoras que trabalham a disciplina “Educação para a Sexualidade”, elas apresentam formação superior em cursos diferentes, dentre os quais, Ciências Biológicas, Letras, Ciências Sociais, Ciências Contábeis e Química. Das 8 professoras entrevistadas, apenas uma afirmou categoricamente não gostar de ministrar a disciplina por apresentar vários tabus em relação à sua própria sexualidade. Algumas professoras afirmaram já ter feito cursos nessa área, oferecidos por diferentes instituições, como universidade, ONG e a Secretaria Municipal da Educação, porém, algumas disseram que os cursos ainda contribuem pouco para a sua prática nessa temática. Questionadas as professoras sobre as intenções da disciplina “Educação para a Sexualidade”, percebeu-se que algumas ainda entendem a sexualidade de maneira muito vaga ou a restringem, exclusivamente à prevenção à gravidez, sendo poucas aquelas que compreendem a sexualidade de maneira mais global. Isso acaba influenciando na escolha dos conteúdos trabalhados, já que muitas priorizam temas ligados às IST/Aids ou a gravidez na adolescência, dando menos importância aos temas ligados à questão de gênero, orientação sexual e afetividade. Em suma, apesar de os alunos demonstrarem a relevância dessa disciplina para sua formação, ainda se faz necessária um maior apoio da família, da escola e da própria Secretaria da Educação para que as docentes possam construir uma prática educativa que permita aos adolescentes viverem sua sexualidade de forma prazerosa e com saúde.


http://www.4shared.com/file/127463622/9acdeae4/Educacao_Sexualidade.html

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